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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

de mim o esquecido

nada teriam que ter me dado
não pedi que servissem
nem que tivessem o tamanho
exato de alguma dor minha
não pedi encaixe
não pedi correspondência
nem sequer fiz pedidos
fiz poemas

quer perguntar o que ao poema?
quer encontrar-lhe um sentido?
quer dizê-lo correto, preciso?
quer o que você com tudo isso?

a eles nunca prometi nada a mais
do que o instante fulguroso
do seu aparecer e vieram
aos montes segundo a segundos
fizeram o que era preciso ser feito
agitaram indelicados os mares
mais interiores mais tremendos
e sem beleza ora tão lindos
fizeram o que era preciso

a vida terá lhes imposto
um só ritmo
o do ir
do ir como quem ai
como quem ai
ai
ai
e na batida do ai
seriam cosidos

nada teriam os poemas
que dizer nem explicar
nem nome precisariam
não deveriam encaixar
nem que noutro instante
serem mais ou menos
vivos
foram sempre desde os princípios
os poemas que coragem
quando os penso
sem eles

não teria eu bem sido

o que fui de mim?
 

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