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sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Menos tanto


Caro amigo ~

Sei que sabes do poema. Ele dizia que as palavras nos servem para esquecer, que falamos para esquecer o que teria crescido entre vós. Por isso te pergunto: queres esquecer aquilo que ainda está a crescer?

Queres interromper o crescimento? 

Não me entendas errado. Não te quero fazer calar. Talvez antes fosse te convocar a ver mais, ouvir melhor e no silêncio um pouco ficar. Fazia silêncio quando vossas mãos estiveram abraçadas, não fazia? 

Lembro-me bem.

Nem tudo precisa do verbo, é preciso dizer, falas demais e quando o silêncio pousa sobre ti já começas a tremer. Por quê?

Seria medo de confiares, antes do que num outro, primeiramente em tu mesmo?

Não esqueça. Não deseje esquecer. Faça calar para que fique em ti aquilo que poderia.

Uma viagem de carro, lado a lado, vocês dois e o silêncio. O sol a cruzar janelas. O vento a ver tudo. A união faz-se no escuro. 

Texto demanda corpo que o receba, não palavra a dizê-lo. 

Até o até, 
Liberano 

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