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quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

A linguagem do amor

Não sei o que escreverei adiante,
mas escrever é lá um modo
de chegar no adiante.

Observo o seu modo de dizer
eu te amo, meu amor
Ele não é como o meu
é refinado, diriam os amigos
é lindo, de fato, eu diria
mas e o meu, meu Deus?

E meu modo de dizer eu te amo, meu amor?

Observo que as palavras nos servem para perder
pois tudo o que você diz sem palavras dizer
fala tão mais fundo, abre tantos caminhos
E eu continuo no ensimesmado amor, eu te amo
o auge do meu poema é dizer
estou te amando (porque estou)

Hoje comprei lápis e carvão
borrachas e esfuminhos
Comprei equipamento
para tentar desenhar
isso cujas palavras
só me fazem perder

E o que fiz, você me pergunta
generoso (e fino e delicado e refinado, diriam meus amigos)
O que eu fiz meu amor foi minha cara
torta
coberta pelas mãos
tentando engolir uma beterraba inteira
invisível (porque é preto no branco
minha linguagem é preto no branco)

Se possível, amor, te peço
um cado mais de tempo
um caldo inteiro de segundos
e horas, dias, meses, confia
Eu te peço, já já hei de inventar
um modo justo de dizer isso

que as palavras jamais poderão

Até lá, boa sorte, será amor
por todos os lados
e dentro e fora e redundante
direi que te amo
porque te amo
e hoje é só isso tudo

Hoje é só isso tudo.
 

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