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sábado, 5 de janeiro de 2019

Pequeno pranto


Não pensei que pudesse ser um sinal negativo.
Chorei lento, vendo o choro me consumindo.
O ano novo começando e eu aqui, chorando.
É só que li uma poesia. Uma poesia retrato da tristeza.
Fiquei movido, não pude evitar.
Um verso específico dizia algo como
"Estou ficando velho, tempo".
Fiquei movido. Porque assim também estou.
Ficando velho. Tanto já conquistado e, sobretudo, este cansaço.
Lágrimas penderam suicidas.
Não quedaram, não secaram, fizeram de meus olhos breves piscinas.
Estou ficando velho e quanto mais olho, mais me canso.
Poderia o cansaço ser um resumo, uma sinopse, um título para um humano?
Desumano existir esse, em que quem ganha é a incapacidade de reagir.
Meu tempo, minha época, minha vida assaltada e pouco desperta.
Não reclamo, sigo, ando, proclamo, manifesto, durmo, pouco sonho.
As lágrimas de antes agora parecem cristais ressequidos.
Sou tão estranho que quase me acho um fiel amigo.
"Estou ficando velho, tempo".
Por isso ainda há pranto. Para saber como era quando o corpo ainda reagia.

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