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sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Os segundos,

Tento reter
Cada segundo
Como cada gota
Sugo o seu suor
Aspiro ao dentro
E já acabou.

Olho aos céus
Pergunto a Deus
Por que o gozo acaba
Por que esse gozo acabou
Por que acabou?

Deus não me diz nada
Mas no calor dessa noite
Posso ouvir o rangido
De seus divinos dentes.

Passo a mão na sua testa
Dou-lhe tapas na cara
Você me cospe à boca
Eu te engulo
E mesmo assim
As horas passam.

Saio de casa
Os graus mudaram
DE 37 PARA 31
Sigo fervente
Olho aos céus
Grito aos diabos

Por que haveria de ser assim?

Daí passa um vento
UMA folha despenca
A lixeira da rua é laranja
E ainda lateja em mim
Sua mordida na base quente
Das minhas cabeças.

Tento reter os segundos
Mas não posso, não poderia
Fico então com as imagens
Viro então poeta e me basto em rimas
Tremidas

Seus dedos
Seu peito
Sua barba
Seu cu
Seu cheiro

Eu faço sentido sendo assim
E Deus sabe disso
Por isso ele ri.
Ele ri de mim,

INVEJOSO.

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