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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Fora de si

Seria prudente
Mirar objetos
Descrever naturezas
Seria intrigante
Comparar a noite
Com sentidos da alma
Coisa qualquer que estivesse
Fora.

Poderíamos ficar numa cor
Numa cor. Apenas num detalhe
Da telha. Telha rachada.
Nos reflexos da noite escura
Deitada em espessa poça d'água.

Que esforço é esse para sair de si?

Dada as dificuldades, poderíamos supor
Que sair de si é demanda de uma época
Ou imposição de uma positividade qualquer?
Fico inerte.
Não posso falar de mim.
Fingirei interesse em dores outras?
Forçar alteridades?

Temo que a ficção deponha a favor de minha integral vergonha.

Sinto-me envergonhado.

A sinopse do século me diz apenas uma coisa: mostre-se, mostre-se. Mas se me mostro, não o faço por moda. Mostro apenas minha tímida monstruosidade. Minha falha constante e variável. Meu cansaço constituinte. Mostro minha cara e sua voz titubeante.

Devo dissimular profecias? Devo projetar ideologias, matar hermenêuticas, o que tudo isso?

Fico besta.

Bestificado.

Idiota eu. Minha força maior. Extrato do meu mais fiel cansaço.

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