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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

capaz

não soube o que fazer
se ia ficar ali parado
se ia de novo comer
não soube como esconder
nem as mãos no bolso
nem aquilo que sentia dentro crescer
não soube nada
soube apenas seu saber
as coisas dentro se encaixando
prenunciando o futuro
soube o sabor
soube o medo
o desejo pela flor
soube a primavera inteira
soube a lágrima molhando a secura da vista
soube cedo
soube estrela
soube areia da praia
soube ser estrategista
atirar ao alvo com afeto
com malícia
como quem o alvo é capaz de amar
por isso forte
por isso morte
não soube como se explicar
já que tudo era dentro assim tão infinito
já que podia ser tanta coisa
já tanto sentido
olhou por uns segundos mais longos
olhou no outro olhar
disseram-se os olhos
eles não conseguem esconder
só conseguem clamar
pedem olhos pelo beijo
pedem olhos pela revelação
ao amanhecer pedem os olhos
por uma leve indiscrição
que plante enfim uma disritmia
capaz de conter
a fome dos segundos sem pele.

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