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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

esse FALATÓRIO das VONTADES

Passa a vida, corre o tempo
eu me vejo cruzando a pista
eu me vejo pelo reflexo no vento

Vivo eu hoje mais morrendo
do que poderia supor
do que poderia saber

Eu morrendo nas esquinas
sempre que alguma incongruência nata
me azucrina
pisca no escuro e me faz aproximar
primeiro o rosto, o cheiro, o toque
depois o mistério de fazermos mesmo
parte
de mistério inda maior

Eu morrendo pelos pêlos
todas as vezes que um deles arrepia
sinalizando o desespero de uma coisa
contra a qual
eu me perco
eu desejo
o me perco
eu despejo
a possibilidade plena da vida
por um horror passageiro.

Eu morrendo em cada poça
eu morrendo em cada manhã
refeita a pele amanhecida
nunca sou eu nunca como antes
refeita a pele
amanheço pleno e torto
morri mais a cada segundo
morri mais a cada soco
que me faz, sim, me genuína
transforma minha feiura em beleza ruína
em estratagema
em conquista

para ESTAR vivo basta SER morto
para SER rio basta ESTAR corpo

sigo
pelo direto reflexo política abjeto
sigo firme fraquejando sempre em cada
protesto!

como pode ser a vida uma sucessão de destinos mal destinados
de encontros mal formulados de arranjos mal arranjados de silêncios
ininterruptos
e esse grito
é meu silêncio autoritário.

esse grito é minha forma de estar calado
cheio dessa dor
consumido pelo o que me faz
amável
me faz amante
me faz ser, ainda mais neste agora
alguém que digere o próprio semblante

me faça achar sedutora essa esquina dos olhos
esse precipício do sorriso
esse falatório das vontades

sim, me faça achar graça nesse amarguidão da pele
nesse debater dos pêlos todos sim me faça
comprazer o abandono
e saber ser resto sem desacreditar que sim posso sim ser eu estorvo

cravo a existência
em cada virada que o tempo dá nesse corpo
sim, cravo a permanência
morrendo pleno a cada beijo
morrendo mais a cada gozo gosto gozo rosto gosto torto

PARA ENFIM, SER CANÇÃO.

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