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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Sobre o perder de um amigo, no caso, uma amiga

Primeira vez que escrevo sobre isso
é recente, apesar de tão longo, mas
perdi uma amiga
Sim, perdi uma amiga
Amanda, seu nome
Foi em dezembro de 2020
e durou tanto, tanto, ainda agora
perdura
Perdi sem saber como
perdi especulando porquês
perdi-a porque sim
porque não
porque algo fiz
porque algo disse ou não disse
perdi pelos começos e pelos fins
mas é fato
Perdi uma amiga
E chorei, incrédulo, chorei
por meses confuso me flagrava
dizendo em voz alta e baixa
Como é possível?
Como é possível que tenha existido tanta desconfiança assim na minha-nossa amizade?
Como é possível que um amigo, uma amiga, não me diga: amigo, está ruim
amigo, isso não vale
amigo, eu discordo
amigo, não estou bem
amigo, não é isso
amigo, escuta, amigo
Não é nada disso.
Como pode uma amiga não dizer isso?
Como pode uma amizade agir no mudo e calar-se
e fugir-se
e simplesmente o pior
o se ausentar
Como é possível você sumir e pronto, está resolvido?
É uma pergunta: resolveu-se algo no seu silêncio?
O presente que havia comprado, dei para outra pessoa
O silêncio no qual você me deixou, ecoou e hoje não há mais nada
A tristeza, sim, virou amiga, no seu lugar
Uma tristeza mesmo, sem alarde, sem escândalo
Tristeza por não saber de ti
por ter sido afastado do teu sorriso
por não gastar tempo com você ao telefone
tristeza dupla
por ter te perdido
e por não ter podido te ajudar
Sim, não sei o que houve
Sim, não sei o que fiz
Sim, perdi você porque não percebi
alguma coisa que te pergunto: você sabe qual é?
Pergunto-te:
e se sabes, pretendias me dizer? Por que tanto tempo?
Você me cancelou de sua vida na esperança de se resolver e, enfim, falar novamente comigo ou na maldade mesmo de me deixar aos cantos cravado nessa pergunta constante o que foi que eu fiz?
Machuquei-me
curei-me
mas ainda sobre o espanto
Ainda sobre o seu riso sonoro
e a certeza de que a bruxaria que te liberta também te machuca
Que a calma pouse em ti e te oriente a abrir inda mais tua escuta
te admiro
nunca não admirei
te amo como sempre amei
mas, sim, te perdi
sem esperanças de um novo baile
sem interesse em cavoucar ainda mais isso
que em mim
dói
e dói
e partindo-se, enfim,
parte

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