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terça-feira, 1 de outubro de 2019

O que resta guardado

Gostaria, se possível, jovem senhor
De ser exposto, denunciado, entregue aos ventos.

Aquilo que em ti foi trancafiado
Gostaria, jovem senhor, de ser entregue
Como quem delata um crime
e junto a ele o seu perpetrador.

Uma pequena bolsa
uma uva aguda e densa
uma dor quente e presa
Em você sobrevive isto
isto sem força
para alar-se.

É pedido aos jovens da sua idade
que não temam expurgar esse horror
Que compreendam, jovens, compreendam
que horror mesmo é guardar em si
tanto e tamanho desconforto
tamanho e tanta dor.

O que resta guardado
germina
Do silêncio se nutre
e quando perceberes, jovens
a tua idade avançou
e a sua cabeça

não sobreviveu
ao peso
que foi ter sido
por tanto tempo
esconderijo
para seus medinhos.

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