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quinta-feira, 19 de julho de 2018

Sigo provisório.


Sigo provisório. Nada novo, no entanto, sempre tão exaustivo isso de se perceber provisório. O que poderia me dizer que fizesse sentido para além de mim? Faço perguntas surdas ao resto do mundo; ser provisório é saber que há o fim.

Nada me ocupa mais do que essa ignorância. Sigo com ela, mas, às vezes, estaco. Pergunto-me o que não tem resposta. Sigo vagando. Eu sou assim. Tão eu e tanto nada. Sou provisório em mim mesmo. A única coisa que não me larga é esse vício de escrever, escrever, quer venha alguém ler ou não. Indifere.

Sim, eu sei. Sei destinar a outro um gesto todo saído de mim. Sim, sei que posso. Juntar palavras e comover você, fazê-lo ir até um determinado fim. Mas, não. Por vezes, não. Nada disso importa mais. Resto agasalhado no frio que não me mata. Sobrevivo e para quem importa um ser, eu, sobreviver?

Numa tarde passam tantas coisas pela cabeça de um indivíduo. O que faz com que algo mude? Mudar é assim tão preciso? Sigo provisório mirando ao mundo e me assustando quando um carro atropela uma bicicleta. Nada novo, nada demais. Tiro fotos. Para quê? Para nada exceto aquele instante.

Se eu pudesse ser outra coisa, não teria imaginação para projetar. Sobrevivo, repito, sobrevivo. Ciente de que ao escrever eu desato um nó para noutro nó me encarcerar. Eita vida besta, meu Deus.

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