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quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

para sempre aprendiz nisso

E assim, subitamente, um corpo brota e elogia o do outro. Parecia impossível que isso acontecesse um dia. Alguém que mirando o seu corpo desnudo pudesse dizer novamente: como você é bonito.

Você nem reage. Desaprendeu a responder carícias. Você se esforça tamanha a insistência dos elogios. Agradece. Diz o mesmo sobre o corpo que te elogia. Não por dizer, mas porque também se sente bem em com ele estar assim tão reunido.

Vocês produzem calor juntos. Calorzinho bom. É uma graça.

No entanto, após tanto ser ferido e se ferir amando, a cautela no amor é o seu maior abrigo. Você vai sem sede ao peito, lambe com cuidado os mamilos. Sabe que nada precisa ser engolido por inteiro. Nem mesmo o pênis.

Na noite seguinte, sozinho em casa, rolando na cama, você pensa que talvez devesse ter engolido tudo com a devida avidez. Você sabe que será para sempre aprendiz nisso de amar porque amor é coisa que não cessa de morrer e nascer de novo.

Você sorri. Em meio a tudo e a tanto, sobrevive um ou outro sorriso.

Por hoje isso basta. Por hoje, isso tem que bastar.

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