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sábado, 9 de novembro de 2013

Sobre estar amarrado.

Em tantas coisas eu perduro. Sobrevivo sobre tantos e sobre tantos pequenos detalhes. Por vezes, tal como agora, eu me pergunto se não estou por demais amarrado. E um desejo de liberdade vira, de imediato, apenas mais uma amarração em minha vida.
Desde quando querer ser livre não já se tornou rima repetitiva? O que é ser livre se liberdade mesmo é estar morto?
Não é nada, meu amor.
Essas coisas que escrevo afastam o sono e colocam a coluna vertebral - que seja por alguns minutos - um pouco mais ereta, desperta. Essas coisas. De quem está cansado faz tempo de estar sempre tão cansado. Meus dedos transitam livres sobre o teclado, mas, vejam, não são livres porque poderiam transitar não apenas sobre estas letras, mas, sobretudo, por sobre o teu corpo.
Seu corpo que eu cada vez mais sei inteiro, sei por toque, por beijo, boca, lábios e saliva. E põe saliva nisso. Põe o que mais for, corpo teu é sempre mistério que se recria, tão logo eu adentre um esconderijo travestido de surpresa.
Nu umbigo, sobrevivo impaciente frente a tua presente presença.
Se estou amarrado a você, meu amor?
Sim, estou.
Mas também tenha eu cá minhas outras amarrações: amo o cigarro, amo o álcool, amo meu trabalho. Mas não estou dando conta de tanto amor. Você veio, você chegou, e então maior parte da minha capacidade de amar voltou-se para ti. E meu mundo exterior ficou ressentido.
Minha mãe chora saudade. Minha saúde pede a mim mesmo que eu possa me dar abrigo. E eu nem vejo. Porque estar vivo é só agora. Momento exato no qual eu te amo e isso me chega, incessante, apenas como fato. Fardo. Peso. Pesado. Que me firma no chão e faz do planeta Terra a minha casa, o lugar onde gostaria de estar, algo novo e possível.
Sua revolução é você mesmo, aqui ao meu lado.
Sua inteligência está na beira dos seus olhos e pisca a mim, sempre que te encaro.
Faltam quantos dias? 16? É muito, não?
É pouco também, mas assusta.
Como posso te amar tanto a ponto de querer dormir 384 horas seguidas? E acordar com seu sorriso me pegando de leve e me chamando, de volta, à cama.
São só palavras. Meus olhos quase já fecham. Há tanto a amar por aqui. Meu corpo, minha casa, meu tempo e meu espaço. Quero amar meu trabalho que está ciumento, que está ficando louco, teso, tresloucado.
Você é perfeito e isso é inacreditável. Porque até o que não me serve - em você - até isso, mesmo assim, me revela quem tu és e quem - por conta disso - eu desejo e preciso ser.
Acordo, meu amigo.
Estamos amando como se o amor pudesse ser isso. E é.
Do nosso jeito.
Eu te amo. E - repetidas vezes - não tenho mais o que lhe dizer.

Mas vou continuar tentando.

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