Não, não outra vez
Não desculpe
Não continue
Não era para ser assim tão imperativo
Não
Acontece que não é a primeira
Não é novidade
Não é ausência de saber prévio
Não é nada disso
Você sabe, você sabe, então
Não
Você fez a escolha
Você fez péssimo uso da nossa intimidade
Você fez nascer outro poeminha
Moendo o horror da amizade
Você fez esse poema
Este poema é de sua inteira responsabilidade
Em mim brotou um cansaço
Que força maior não poderia ter
É cansaço bruto, parrudo, cheio de glúten
É cansaço puro, mas honesto
Não cínico como seus provisórios
Ajustes
Ok?
Perdão, ok?
Vamos falar?
Vamos falar ok?
Vamos falar, ok?
Vamos?
Não.
Você não disse.
Você não veio.
Você nada falou.
Você me feriu
E no ponto em que cheguei
De você
Sobrou apenas este
Horror (da amizade).