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quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Transfer.


Não despejarei sobre ti meu insensato desespero
ele fede à peixe azedo.

Nem apontarei os dedos que tenho e outros que compraria
nenhuma justiça é assim tão sem curva.

Não aceitarei simplificações
Não cederei à possibilidade de um eventual sono tranquilo

Sou todo desassossego.

Essa trama
– meu desespero –
antes de dores
diz que estou

vivendo.

Encaro a dor
ela diante de mim
não em meu colo
De pé estamos

E ela soa tão breve
quanto uma amizade
que era eterna e
subitamente findou.

Noutras telas
hei de cuspir
essas mágoas

e assim
quando de mim
for removido
o que me remói

voltarei ao seu rosto
para dizer-lhe
coisas
bonitas

e gostosas.
 
 

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