de quando em quando
ele seria convocado
a perceber a fronteira
entre o agora
e seu imenso desespero.
Como arquitetura rija
e móvel, firme e abstrata,
haveria nessa linha
um marco inóspito
cruzá-lo seria algo
como dissipar-se.
Mas ele insiste em ficar
não com força
nem demasiadamente dedicado,
ele fica por cansaço
por descaso
fica por não ter sido convidado
a vencer.
No dentro
como gaveta que protege
um raro brinquedo
Haveria a hipótese
de que a vida pudesse ter sido
mais gozo
e menos tempo.
Frente ao limite
o atravessar ganha outro nome
seu rosto anuncia
tantos instantes
tanto agora tantos antes
insista (a repetição é por vezes nauseante)
eu não vou cruzar
eu não vou cruzar a linha
eu escolho, por mais esses minutos,
ser triste
para não ficar
louco.
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