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quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Hostel

A porta trancada.

O que fazer? 

Ouço a cadela acordando. Quem mais ela acordaria com um simples latido? 

Abro o elevador novamente. Desço até o térreo. Outra vez precisarei passar a noite num hotel qualquer. 

Vida bandida. 

Rico, ou um dia talvez, pago um quarto de casal. Privativo. 

À beira da piscina, envolto em escuridão, contemplo o que me tornei e sorrio aliviado. 

Não há de ser tão sem sal isso de ser livre. Contrariado, pondero que livre não é a palavra mais apropriada. 

Mas continuo sorrindo. Ora, o que fazer? 

Está escuro. Sento numa espreguiçadeira próxima à piscina. Molho a bermuda e a bunda com água fria da chuva passada. 

Chuva vespertina. 

Alguns acontecimentos nesta vida servem, ao menos, para que encontremos novas palavras. Outras. 

Sorrio outra vez. Acendo um cigarro. Penso: grande é a vida que brinca consigo mesma. 

Há que se divertir. Me fala uma voz que mora bem no fundo de mim.

Divirto-me. Por certo. Amanhã acordo, nem tomo o café completo. Apenas o café preto. Volto à casa de meus amigos. 

Eu sempre volto. Eu vou. Eu continuo. Estou vivo, não estou?

Isso há de bastar. 

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