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quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Sobre as rosas

Ele comentou que as rosas estavam estranhas. Perguntei se eu tinha colocado água no pote. Bebo meu vinho, agora é tão tarde. Como muda a maldita sorte. Muda tanto e tantas vezes que pode até ser bendita. A água das plantas tem um sabor estranho. Choram as rosas ou esse poema está imune ao pranto? O fio de cabelo cai sobre o seu olho esquerdo e te dá um ar todo disparatado. Nunca dantes pensei que haveria mais passado do que. Você me pergunta completa do que o quê? Eu te sigo que é o cansaço, só isso, que perdi amizades nos últimos anos e que algo não deve estar bom ainda que eu pense estar melhor sem elas.
 

quando sim

o passo poderia ter parado na porta
mas entrou
poderia o olhar ter virado
mas olhou
e viu
e percebeu
e ponderou
que talvez fosse um princípio ético
isso de responder
ao ânimo que abruptamente
chegou

sim, sim, é preciso confiar
a felicidade é coisa passageira
e quando ela passa assim
quando sim, ela chega
o que podemos fazer
se não apenas
continuá-la?

fazia frio
chovia muito
o café não tão gostoso
como outrora
a confiança trêmula
um sono quase
profundo

a alegria passou
fez seus acenos
e continuamos
desde então
no mais
daquele mesmo.
 

terça-feira, 11 de novembro de 2025

[...] as formas de morrer

Diz que não tememos a morte

Ele apenas

Ele diz que não tememos
porque no plural
faz parecer
estar menos
sozinho

Não tememos a morte
não é bem esse o medo
Não tememos a morte
mas sim o modo
específico de suas
dores e volteios

Se se vai queimando
e em qual duração
Se unhas são arrancadas
se são 2 ou 37
dilacerações e outros se
Se será no rim
ou no pâncreas
Nos olhos
os intestinos
Se explode a barriga
no impacto surdo
Se um pulmão se afoga
antes da consciência
perder o tino

É isso que tememos
ele afirma, plural

Tememos as formas de morrer
não a morte, afinal
Tem sido com constância
que a morte meneia
Sua cabeça para mim
quero dizer
Para nós
nós
Ele diz
que a morte nos acena

E por hoje é isso
não queremos saber dos detalhes
não quero morrer, ele pensa
quero morrer, mas não é isso
não quero é acidente
abrupto-desesperado
de coisa escandalosa
quero que seja após ter jantado
e sem ter perdido tempo cortando
as unhas
antes do fato.