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quarta-feira, 25 de julho de 2018

Morre gente o tempo todo.


Morre gente o tempo todo. Dizem isso. E morre gente mesmo. O tempo todo. Morre assim: vai ao hospital ver um negócio, ver se está com alguma coisa e pum! Acabou. Não voltou da triagem. Foi selecionado. Partiu. Morreu. C’est fini.

Morre o tempo inteiro. Gente? Morre sempre, desde sempre. Ele agora aguarda, paciente, o instante de fazer o exame. E se disser, o exame, não ele, e se o exame disser que a coisa está ruim, que o pulmão já morreu, ele faz o quê? Não o exame, ele mesmo, ele homem, faz o quê?

Morre só porque o exame dizia que tudo estava já perdido? Ou ainda pega um cinema, faz um sexo, sacia um vício? Ora, morre gente o tempo todo, não podemos perder tempo. Se tu sabes que vai morrer, colega, então anda, vai ao shopping e gasta todo o seu crédito.

Respira todo o ar que der. Veste roupa de criança e mulher. Come aquele bombom cheio de açúcar. Cheira o chulé do mendigo. Lamba o poste. Senta no queijo. Abre a garrafa e entorne tudo na gaveta de cuecas.

Vive, vai, desorientado. Porque ter feito tudo bonitinho não deu em nada. Em nada. Você acabou morrendo do mesmo jeito como sempre disseram que iria morrer.

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