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quarta-feira, 18 de julho de 2018

Tirar-se a própria casa.


Tirar-se a própria casa. Ser nômade, eu diria. Ver-se estranhado em cada coisa: na maçaneta, na trinca da janela, na altura do prédio, no silêncio acumulado dos corredores, enfim.

Quando te falta aquela meia, a caixa de fósforos escondida num lugar específico, o cortador de unhas e aquele comprimido precisa, quando te falta o senso do abrigo, o que fazer?

A possibilidade de perder um lar renova a disponibilidade de um corpo a encontrar lares outros, lar no mundo. Por certo não será como era antes, mas eis uma inevitabilidade, eis, propriamente, o brilho do jogo.

Sair sem volta. Vagar. Viver, costumam dizer. Viver sem saber do destino, sem nada saber sobre o quando voltar, volver, retornar. Só se pode ir, correto? Nunca se volta. Só se vai.

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