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segunda-feira, 14 de julho de 2025

o que eles dizem


nada produz
exceto breve esperança 
ou nem isso 

dói que a vida 
sobreviva sem
alguma ânsia 

O cão dorme pacífico e neste quase frio 

e eu bebo vinho verde 
no escuro da varanda
sem emprego fixo

que asneira ter tido opiniões 
que asneira não ter lido
aqueles livros que asneira

o cansaço me seduz 
como se quisesse presidir 
esta minha vidinha

que cansaço que asneira
que verde vinho que varanda 
que vida porra que vida

terça-feira, 8 de julho de 2025

Sequer atrasado


O passado continua sendo o meu lugar

Fico lá, sem ânsia de futuro

Dói, eu sei
mas ainda não é o fundo

O fundo teria sido
não conseguir
este versinho

Não ter dito
more or less
para o amorzinho

Não ter sentido
essa preguiça
ancestral

pedindo
em ti
ancoragem

Estamos, não estamos?

E mesmo no passado
é o agora
que ele invade.
 

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Destructo


Pensava que não somente a vida
ele também pudesse
autoria

Depois que talvez não fosse
o caso é sempre explícito
machuca

Antes havia outro evento
no ar se houvesse seria prenúncio
esgotamento

Nem sequer um ou dois antes tantos
esquinas e passeios nem o sol
insatisfazer-se

pouco a pouco

como quem se despede

da pior maneira possível

saiu
dando socos