Nada
Não
Nada mesmo
Sua presença
Frente à minha
Aguça meu existir.
Se me achava algo
Frente a ti,
Eu sou algo inédito
Algo por vir.
Nada
Não
Nada mesmo
Sua presença
Frente à minha
Aguça meu existir.
Se me achava algo
Frente a ti,
Eu sou algo inédito
Algo por vir.
Aqui
Agora. Exato aqui
Exato neste instante
Há remendo se fazendo.
Duro ao menos mais um
Dois ou sete tempos.
Há como continuar.
Para que de novo
Já já
Tudo se pareça enfim
Desistido.
Agora
Neste segundo
Ouço outro disco.
Dispondo-se a outro risco
Existo, eu, eu existo
Ciente de que amanhã
Mesmo logo no já
Tudo enfim desmorone.
Nuncs palavra alguma deveria ter que dar conta.
Sobrevivo entre passos fundos
E sequer esboçados.
Mas vou, sigo
Elevando a mim mesmo
Na intensidade que dita o caminho.
Eis uma tarefa determinante:
reconhecer que a vida é jogo trepidante
E não para os tísicos.
Meu caro amigo Freixo,
Nem posso te chamar de desconhecido. Nunca antes alguém disposto à política me foi tão familiar. Escrevo dentro de um ônibus, retornando à minha casa após passar várias horas na Cinelândia, acompanhando de perto a apuração dos votos que te fizeram, sim!, prefeito desta cidade.
Em tempos tão sombrios e obscuros como o nosso, em que o cinismo impera, a sua presença fez acordar algo distinto, um desejo de presença e de renovação, que independente do saldo dessa eleição municipal, continuam. Hão de continuar.
Tenho tanto a te dizer e a te agradecer que esta mera pastagem num blog quase invisível jamais daria conta. Mesmo assim, pelo prazer e demanda na nossa luta, não me permito fraquejar. O caminho anuncia tempos nebulosos, mas, Freixo, o que sua campanha me fez aprender a valorizar foi justamente a confiança na mudança. Sua campanha me presenteou com aquilo que eu havia me esquecido: que existem - sim - pessoas destinadas a algo mais que o próprio umbigo.
Nas últimas semanas, com sinceridade e motivação, me vi conversando com todas e todos que me cruzavam afim de compartilhar e ouvir opiniões sobre a atual situação política de nossa cidade e país. Para o meu espanto, ainda que fosse óbvio, me deparei com muita gente desistida de falar sobre política, gente já entregue acreditando que se entregar fosse a melhor saída.
Paga-se mesmo um preço alto por isso de se importar com algo além de si mesmo.
Assim, segui meus dias, fiz minhas conversas, trouxe luz a alguns e confusão a tantos outros.
Passo agora, dentro do ônibus, em frente à Prefeitura do Rio de Janeiro. Um pesar me assola. Uma indignação, ao mesmo tempo, me conforta. Sim, uma ira, raiva mesmo, uma certeza plena de que a vida inteira seja luta. A vida inteira deve ser isso mesmo: inconstância, perseverança, presença em ação; Luta. Simples assim.
Queria lhe dizer, caro Freixo, que o mundo ainda não está pronto para a sua ousadia. O mundo, maior parte dele, ainda não tolera a diferença. Ainda não sabe conversar. Esse é o saldo de uma cultura escrota, criminosa e apenas para poucos. Eis a cultura de um país escravo que só viu no horizonte ser colonizador.
Mas, aqui estamos nós. Aqui estamos nós - e somos muitas e muitos - disponíveis ao sacrifício de nossa própria paz para que o mundo seja menos aquilo que ditam os poderosos e mais aquilo que deseja o nosso corpo, corpo imenso, corpo multidão, corpo tingindo à diferença, corpo em movimento e em intensa e constante modificação.
Hoje não foi a sua eleição, mas não foi para a prefeitura, porque você se fez eleger a muitas e muitos, você deu voz aos anseios mais honestos que trago comigo. Você, Freixo, deu voz ao que pulsa e ressoa em voz silenciosa comigo. Trouxe você um desejo de tornar mundo aquilo tornado invisível. Você me fez relembrar que não se está sozinho.
Choro passando pelo Maracanã. Estádio sede da corrupção do poder. Choro porque muita dor está por vir, mas também junto a ela muito prazer. Nunca antes estive tão certo de que o duelo com o mundo fosse algo tão constante e interminável. Agora eu sei. Não acabou. Quer dizer, tudo acabou e tudo acabou de começar. Também. Fim e início. Fim e princípio.
Tudo acabou de começar.
O cinismo, o homem sem escrúpulos, nada disso vai vencer, nada disso tem capacidade de germinar. Numa cidade imensa como a nossa, cidade contraditória, numa cidade como essa foram muitas vozes em uníssono que se juntaram a sua canção. Isso significa mais que um placar de futebol.
Continuaremos. Continuarei. Continuarás. Porque ao mal desse mundo, não há Deus que possa fazer frente. Frente ao homem é só mesmo o ser humano quem pode se colocar.
Aqui estou eu. Aqui estamos nós. Aqui, junto a você, Freixo.
Diogo Liberano.
It's been hurting me.
A lot.
I wish I could disappear.
I can't.
I know I can't.
I woke up today and I was wondering
If I could get a new one
Another one
But this is my favorite pain
Oh, no
No, baby
I'm not sure that you are my best pain
I have others
I don't wanna play dumb
Anymore
I'm just feeling something
Harder than before
Before of you
Before of all this shit
There's a real pain I'm in love
Toothache.
I was seeking
Just in search of
I was there
When you appeared
Everything was full of
There wasn't any other time
I was there
I saw
No hungry
No fear of getting the ball
I have been trying
But I don't know
This pain
Is painting my days
It is what I have now
So what?
Dance
Dancing
Dança
Dançando
I do
I dor
Empty bottles of
Wine
Of water
Of work of you
Off you
I'm leaving
Just living
Houve
Na distância
Alguma revelação.
Viram, os dois,
Que não. Não se tratava mais
Daquilo que um dia
Foi o caso aos dois.
Perceberam, como quem descobre,
Que o martírio de cada segundo
No longo do tempo
Era retinto amadurecer.
Não foi antes
Nem depois do que não podiam reconhecer
Foi no átimo exato
Do cansaço.
Quando um corpo restou só
E por demais cansado
Não sofreu que o outro
Não estava ali a lhe acolher.
Curou-se então quase tudo.
Não seria preciso falar muito.
Nem necessário seria dispor tudo à mesa,
Tão pequena e frágil.
As cinzas no cinzeiro não precisavam
De mais irmãs.
O silêncio do quarto
Mesmo a fome no estômago
Nada queria assim
tão desesperadamente
Ser saciado.
Um fiapo
Um fiapo
Nele uma existência calma
Por seu diálogo.
Mas veio o manto
Veio o pranto
Tanto veio
Que se perdeu
A única coisa
A qual se destinava.
Como num salto
Perdido dalguma beleza
Escrevo a urgência
Que me desorienta.
Um dia talvez eu perceba
Que a pressa que acrescenta
Este s que não cessa
É o que faz de mim
Esta presa
Entre os dentes do ser eficiente.