acordei na posição ridícula em que havia me deitado sem saber que já estava dormindo.
as pernas pendendo ao chão, metade do corpo sobre a cama, de cueca e com a calça sobre o rosto.
vi que já era manhã. dormi bêbado e sem escovar os dentes.
a porta do quarto estava fechada. vi o vaso de planta no chão e pensei: os gatos fizeram a festa.
um cigarro solto sobre o móvel. um copo de plástico vazio (veio comigo?).
quanta coisa aconteceu enquanto eu estava dormindo?
acordei e procurei o celular, fui ao banheiro, bebi água, encontrei o celular.
foi preciso ligar o ventilador de teto.
no celular, uma mensagem de parabéns. de quem?
de alguns que já não participam mais da minha vida.
uma mensagem. depois outra. todas dizendo aquele mesmo texto
do feliz ano novo, do parabéns, das alegrias, do tenha um belo dia.
pensei
que porra é essa?
sinto-me tão invadido nessa era dos celulares biônicos.
queria ficar no meu silêncio
para então ser roubado para um abraço bruto e instantâneo.
bom dia, ele se disse
feliz aniversário, disse ele
é agora
que a coisa começa
querendo fazer da coisa já começada
outra coisa
coisa nova distinta almejante à diferença
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