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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Tumor

Não, por favor, não quero me adiantar.
Não quero imprimir em meu corpo
Doenças que eu não possa curar.
Não quero antecipar o que não veio
Não quero me escrever no livro dos recordes
O teto estala
A casa pode vir abaixo
Mas essa dor concentrada na garganta
Não precisa ser tumor.

Pergunto se eu apenas venha a me cuidar quando o ar me faltar completamente?
Há alguma doença que me impede o cuidado a mim destinado.

A cinza do enésimo cigarro cai
Sobre o peito e me queima rápido
Sobre a cama branca ela se desfaz
E eu continuo inerte
Morrendo em poesia.

Haveria algum destino outro
Para alguém que viciou na vida
Sem rima?

Tudo tenta me tornar distinto
Mas o hábito virou desejo
E o que desejo hoje é só isso

Dormir morrendo
Para acordar vivo
Cheio de morte
Eu sigo. Até tombar
Ali na frente.

Que horror tudo isso.

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