Fiquei pensando na habilidade de esquecer. Eis uma bela capacidade. Não por motivos mesquinhos, apenas porque sim, porque se esquece. Por vezes é bom, é preciso esquecer. Vai embora um detalhe, uma ruga, parte um punhado de assinaturas e a escrituras, sobre as quais surgem outras coisas novas. Que envelhecem. Tenho pensado muito sobre a memória que guarda e aquela que esquece. Pensando no esquecimento não como apagamento, mas como arquivo. Dentro de mim mora tudo já esquecido e, de súbito, num gesto, por conta de uma qualquer coisa, tudo se relembra.
Agora a pele perfumada. O corpo cansado. Tenho desejo de desaparecimento. Você roubou minha cidade de mim, mas num bom momento: agora, justo quando quero me firmar em mim, eu esqueço tudo o que foi e sobrevivo por preço baixo.
Que bom é rasgar papel em dias de temporal.
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