e para não ver a ruína: construção
para não ver a propina: comissão
para não ver a escória: a ilusória ficção
nela ali prostrada
rindo no seu silêncio velada
querendo se possível dizer
COMPRE AQUI
COMPRE AQUI
COMPRE EM MIM AQUILO QUE PODE QUEM SABE SER VOCÊ
mas que não és, ela reitera
sua nudez fria nudez anti-matéria
é o que pode agora unicamente restar
o redor cheio de braços
as pernas fora dos saltos altos
os dentes fora das bocas
os cabelos fazendo furacão em meio aos ventos
ela perdura ali sorrindo
ela ali sorrindo acentua o meu
o seu
o nosso – comum – tormento
FOMOS VENDADOS.
vendidos e sacrificados.
mas por quem?
por quê?
a culpa não está fora. culpa é coisa nossa,
capaz de nos gerar e gerir e deter.
ela ali parada me disse sorrindo sem fim
a culpa não existe
culpa é coisa que inventaram para vender
para vendar isso em mim assim representado
compre a sua paz
compre seu escapulário
seu escape
sua válvula
seu vibrador
compre em mim sua presença
compre em mim a função de um seu amor
compre tudo tudo pode em mim pedir eu dou
pela bagatela de sua felicidade
ela é também inventada
ela e toda essa cidade,
hoje são ruínas
e ruína hoje não é somente metáfora.
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