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segunda-feira, 8 de março de 2010

Desmonte


Restou o plástico
entretendo as formas sobrou
o ferro o aço o tijolo ameaçado
A natureza mórbida resvala aqui
e ali, em todo caso
é pedaço
Para constar.
Ele abriu a janela
as cargas vieram até ele se encostar
as paredes recém-tremidas
- agora estatizadas -
mas maculadas pela rima feroz
das importações socando o concreto
fazendo compasso impreciso mas
direto, exportação fazendo
protesto!
Quero ficar não quero sair não quero mais me vender
Olha ela ali, a única
Restante,
Árvore símbolo, cravada hoje
ainda que também inoperante.
(Mas nos serve,
nos servirá
deitando os galhos sobre o relevo acidental
as folhas protegendo do sol a medíocre urbanidade
Ela fica, persiste na composição do destino
A árvore ali parece dizer
Estarei aqui sempre que preciso
Mas,
ela diz: mas,
não consuma nada além dos meus frutos
não consuma o meu corpo
não faça dele desenho obtuso
falsa arte leviandade explícita
poetize-me com seus artistas,
mas deixe-me onde agora não estou.
deixe-me com meus braços cravados no chão que hoje eu perdi.
Eu também perdi o chão.
E a nossa intersecção hoje é apenas esta:
homem e natureza
um do outro perdidos
sem base
Um fazendo de chão o teto do outro.
Flores saindo de bocas
E veias rompendo a terra.
Que estranha e sincera miséria
a nossa.catástrofe04

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