as solidões,
quero encher
mas esvazio
toda vez que você me vem
não pela pele
mas pelo caminho
nebuloso da pensação.
nisso em mim te dissipo
testando possibilidades
fazendo mentira virar
verdade, virar outra
coisa melhorada
a isso de ter você
sem te deter.
quero preencher
mas agonizo
não consigo
é difícil mas assim
sim vai ser
toda vez que tentar
em mim te manter
e fazer ficar
e fazer durar
aquilo que só é bom
porque dura pouco.
aquele abraço
o tal carinho
o espaço que juntos dividimos
os corpos entregues
às solidões,
sem universo ao redor
sem céu nem estrelas
sem refeição
sem roupa
sem cuidado
entregues as mãos
restamos inertes
à parte
sem saber jogar
e não por temer
e não por não querer
mas porque nos cala a boca
a possibilidade esta
hoje tão concreta
de se poder se amar.
MAS,
e se não houvesse essa condição?
e se o bonde passasse e te levasse de mim?
e se o raio fizesse meu corpo viva chama?
se meu prédio caísse?
se a gente não se reconhecesse nem de perto
nem sequer a distância?
ia ser melhor assim?
não, né?
é o que me digo:
Então, Pare!
dê-se o tempo.
para a sede se refazer.
dar o tempo
da fome
o tempo
do beijo ressequido clamar novamente
pela presença.
chega de dizer
se ao menos eu pudesse…
porque eu posso, ué…
por que então esta agonia?
coisa boba
besta
tola.
portanto,
dá-lhe-me, oh tempo
espancamento via segundos
lançe sobre mim um prédio-minuto
faça sobre meu corpo desabar
uma hora suicída e aceleradamente
precisa.
quem sabe assim
GASTANDO-ME INTEIRO
hei de olhar para esta vaga
- nu peito -
e sentir saciedade
onde agora
resta apenas
esta vaga noção
de fidelidade.
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