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terça-feira, 2 de março de 2010
A metáfora do coração
O que se faz na guerra
é metáfora do coração
Quer corpo mais morto
do que este
músculo retorcido sem ar
jaz fuzilado
no pátio do peito
jaz peito meu
putrefato.
Não é poesia é condição
Existir por vezes é o cúmulo
é o absurdo máximo
parece invenção.
Avançam os tratores de tiros
para que descansem sobre o solo semi-germinado
a carne
o horror
extermínio:
somos em nós mesmos o fim e o começo.
Abatem-nos os canhões
será melhor assim: o peito agora calmo
podendo ser verso
podendo ser resto, sim
não nos resta problema algum enquanto mortos.
Vamos germinar de novo esse solo e fazer o amanhã nascer tentado.
Tentado ao fim novamente.
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