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segunda-feira, 22 de março de 2010

Deita aqui em mim…

Amor?
O que é?
Eles não estão gostando do que estamos dispondo aqui.
Eles quem?
Eles… Não importa…
É claro que importa.
Importa o fato de não estarem gostando.
Do que estamos dispondo aqui, você diz?
Isso.
Isso o quê?
Do nosso amor.
E não estão gostando?
Acho que não.
E o que você quer ao me dizer isso?
Queria que você encontrasse uma solução.
Não há solução. A gente se ama desse jeito.
E os outros?
São ouvintes, espectadores, voyeurs…
Eles são voyeurs?
Sim. Nem todos dão as caras. A maioria suga você.
E você?
Sim. Eu também. Num movimento sem fim.
Mas por quê?
Porque dá prazer. Você não sente prazer?
Com você?
Não. Prazer em me sugar e me comer e por aí vai… Não sente?
Sinto.
Eu também sinto. Ao te morder e especular e espremer. Eu sinto prazer ao te escrever.
E os outros… Ao te ler, ao nos ler, assim, aqui, dispostos, eles sentem prazer?
Isso é característica da humanidade.
E você acha bom?
Se não fossem os outros nós dois talvez sequer estaríamos aqui.
Entendo…
E por que essa reticências no final da sua fala?
Como você sabe que tinha uma reticências?
Deu para perceber no seu respirar.
E agora?
Uma interrogação.
É óbvio. E nesta frase: estou tão cansada…
Outra reticências.
Errou! Era um ponto.
Não era.
Era.
Não minta.
Eu não menti.
Mentiu sim que eu sei.
Como você sabe?
Reticências a gente usa muito quando quer no outro se aportar.
Você está usando hoje?
Eu não. Você sim.
Que vergonha.
Deita aqui em mim.
Repete.
Deita aqui em mim!
Repete.
Deita aqui em mim…
Sim…
E os outros?…
Quem sabe se divertem…

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