o instante em que ele perceberia
que mesmo em sua solidão
tinha medo de se permitir
felicidades
Como um susto
invadindo a tarde
e queimando a torrada
ele enfim perceberia
que seus medos vieram de uma hora bem mais tarde
Perguntaria o que fazer
se deveria conversar com um amigo
se deveria escrever o que anda sentindo
e mesmo com possibilidades
seria tudo inverossímil
O padrão dos séculos
em seu corpo faz colônia de férias
pensou chocado e debochado
O padrão em ti encontra um solo
para vingar e quem morre é você
quem morre é você
disse tudo em voz baixa
para não se ouvir dizendo
o tal dizer que confirma sim
quem morre é você
quem morre é você
desprendendo-se do tormento
brilhando ao relento do abandono
de si próprio a constatação agora
se fazia ouvir e se impedindo das
alegrias quem morre é só você
e ainda morre sozinho
sem alegria
sem a efetiva possibilidade
de um gesto inédito
te acontecer
quem morre sozinho
é só você
você quem pode
(você) quem pode correr
quem pode vazar
desorientar-se dessa sina
ensimesmante e que tanto
te esgota
seria trabalhoso
estar vivo também é
seria de um esforço imenso
e redundante esforçante mesmo
o baile necessário para te salvar
e devolver à vida
sem solidão tanta
sem morte debutante
só com alguma sua alegria
agora colada no seu encalço
fedendo o seu próprio bafo
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