um dia os números cessam de contar
as coisas de casa, todas elas
param de funcionar
o corpo bambeia e te pergunta
(sem nem bem perguntar)
para onde tu vais?
e você responde
(sem fazer força no acreditar)
vou-me por aqui
e por ali
por cá e lá
também
enfim
corpo ponto do caminho
porto cruzamento destino indo e já ido
tudo certo
do jeito que deveria estar
num dia
a manhã dura a tarde inteira
a noite se esconde na escuridão
e o sol te faz sala para estar
em duração grandiosa
épica não bélica
não feita de inflamação
não cosida à revelação
num dia
o dia te tira do aprisco
e se deita sobre ti
e tu
assim sob o dia permanece
feito ponto luz
porto que seduz o corpo ao lodo
corpo sábio corpo tolo
no contínuo germinar
de caminhos ainda
por vir.
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