O arrepio se domesticou
As mãos que antes me envolviam
Não vieram hoje
Não veio o amor
Fiquei só
A respirar química
Fiquei tranquilo em deficiências
talvez
Adquiridas.
Não quero dar voz ao meu fim
Não quero calar o calor
Mas prostrado
Aqui hoje estou
Sem mãe nem irmã
Sem amiga nem certeza
O amanhã talvez hoje
Sequer venha
Mas não quero aniquilar-me
Por apenas único motivo:
Tenho ainda muito a fazer
fora deste medo menino
Muito a realizar
fora destas cidades
Tenho muito eu ainda
que não piedade.
Deixo que goteje o nariz
Deixo o algodão tapar meu sangue
Deixo a possibilidade do fim
Bem
Bem de mim
Dor distante.
Conjuro primaveras
Rodeio-me versos
Posso não ter sete vidas
Mas hoje a Deus
eu peço:
eu quero só essa.
Quero só essa.
Essa
que ainda sou.
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