os dedos imundos
o pescoço mordido
o mamilo (nem sei)
a boca arranhada
o pênis cansado
a sujeira samba
dentro de casa
e eu me sinto bem
ao menos agora
por hoje, ao menos
não quero limpar
nem quero comer ainda
nem sequer fiz café
fiz apenas cinzas
sobre tudo
exceto o peito.
um vulcão
(ou coisa desse calor)
mora dentro de mim
e tem por nome
a vida mesmo.
sem muita graça
mas com algum atraso
eu me revisto
me olho e confronto
no imenso espelho.
o que quero de mim
é tão presente
neste instante agora
que não vale dizer
se não quiser
perder
toda essa disfunção
toda essa inutilidade
toda essa arma
ao meu peito
por mim mesmo
apontada
dói a garganta
provavelmente se furou
ou se queimou
já se foram tantos cigarros
brancos e vermelhos
de marca
e de insuportável gosto
foi-se tanto sobre o meu corpo
que hoje, afinal,
quero descansar
mas não limpo
fico na sujeira
sorrindo purpurina
e fedendo cerveja.
que maravilha!
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