não é fome
aquilo que sinto
é falta de vergonha
por não compreender
o que jaz claro.
e por que não compreendo?
só porque a resposta
é horrível demais
para me fazer lidar.
poderias dar conta do horrível?
sim, poderia
mas é como pedir pastel de queijo
e comer de calabresa.
não como, não como
o que não desejo
não bebo sequer a cerveja
se quente ela vier.
arma-se então o insolúvel:
a vida dá jeito, às vezes,
para que nela se procrie
belamente e apenas
o impossível.
e o que fazer?
você pode lidar
com o impossível?
você saberia?
desde que gelada,
eu respondo
desde que com cerveja
bem gelada.
e se o pastel de queijo não vier
e se vier só queijo sem cebola
ainda assim não quero
porque há de ser a vida
(um pouco apenas)
aquilo que desejo que ela seja.
embriaguez? vais se drogar?
aqui estou eu,
não vou negar.
algumas drogas servem mais
do que a ilusão do bem estar.
existe droga pior
que a do amor?
existe droga pior
que a do amor?
que não veio
amor que partiu
sem nem bem estar
amor que partiu
sem nem bem estar
nem queijo
quiçá cebola
nada mais há.
nada mais há.
volto para casa
e um sorriso me sequestra
não num guardanapo
mas numa famosa esquina.
eu atravanco o passo
eu olho e me paro
penso que sim
não veio pastel,
mas veio outro
e outro mais
e mais dois
e agora
- perceba -
a cerveja acabou
mas os sorrisos continuam vivos
entre tantos outros
entre tantos outros
como tantos outros
daqueles tantos outros
que eu já perdi.
que eu já perdi.
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