e de outros séculos
Talvez seja mesmo
a indiferença.
O desfile das corrupções
em orgiástica relação
Não cessa
e, como hoje,
faz apenas alguma coceira.
Tudo se esquece
no feed das doenças
Tudo se indiferença
e desfilam poucos perdedores
A balançar tenaz e contida
desarmonia.
Aos poucos, o marginal
toma força
para fora da cultura
Vira o marginal
o húmus delator
da infantilização crônica
da espécie humana.
Aprender-se-há
nas escolas desabitadas
que o mundo será mesmo
este projeto de crime
da galera endinheirada.
Aprender-se-há pelas imagens
apenas, das revistas
e da vida diária maquiada
e plastificada.
A vida vai saindo de circulação
e os fantasmas são todos pós-modernos
tudo fantasma vazio
que quando é tocado
remete apenas a este segundo forca
no qual nada se modifica
tudo só se continua
em merda pastosa
e loira.
E mais outra vez
o homem não terá se dado à nada.
E então os esfomeados
tomarão o poder
Já que a fome tenha
roubado sua identidade
Já que o frio tenha
trocado sua pele
e feito do pobre
superfície do mundo
E não mais classe
nem face;
tudo anônimo
porém vivo em força
destemida ao abate.
Tudo tão errado
tudo tão sugador
corruptor
Que a dor vira cor
para o além das cores
Que a falta d'água
e de casa
Sobrevive ainda mais forte
e futura
para além do dia em que achávamos
que viesse a chegar o Jesus do amor.
O humano se perdeu
o cuidado não chegou a tempo
o carinho, a calma
o toque aveludado
Tudo foi morto
por não dar lucro imediato
e por não poder ser apenas só de poucos,
aos segregados
eu desejo a dor
como arma final
desta revolução
em curso a cada
morte
a cada morte
das crianças
velhos
e das Mulheres,
oh, Mulheres
sobre seus corpos o homem destrói a possibilidade da vida não vinda;
oh, Mulheres
que merda o que nos tornamos.
Mas o cheiro do mendigo pestilento
o corrimento das feridas sem medicamento
a energia voraz dos jovens que não aceitam o mundo
tal como hoje assim o vivemos
tudo isso vira ponto nodal
e o mundo vai se compondo ponto a ponto
sem pressa de virar linha
sem vontade de ser fronteira
nem separação
tudo junto
Me dói
o longe
no qual hoje
e ontem
Morreram-se
toneladas
de corações humanos.
E já nem a arte dá conta
de fazer diferença brotar
nem mesmo a arte
esta descabida
engolida pelo comércio barato
(e venenoso)
da mesquinharia.
o sujo
o preto
o bicho e a bicha
essa legião de desarranjados
Vocês tem minha curvatura
têm vocês minha devoção
em meio ao poço
de esgoto
também hoje já desidratado.
O meu ódio
em world wide web
faz encontro com o seu
O meu pranto
vai virtual
procriar com o teu
e assim,
Um dia
o homem vai perder sua graça
A guerra vai virar história de ex-ricos e de ricos piedosos
e a morte vai limpando
o que não soube florescer.
Fiquemos em posição de húmus,
para que o mundo que não conseguimos
possa em meio ao nosso resto
Se inscrever.
Vamos perder
bastante
Até que o nosso espanto
se vire estandarte
E a nossa dor
vire escudo frente à barbárie dessa normatização toda
que tira a vida da praça pública
E a coloca - sempre -
em cousa outra (que se possa vender
roubar e consumir).
Grace series by Jonni Cheatwood
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