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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Jaca

alguma sinceridade a fez calar a boca.

ficou tísica. mas forte, dura, como se permitisse naquele momento apenas ser louca.

ter no peito agindo
duas idas contrárias mas ambas a levando à escuridão.

não sei porque disse isso, ele diante dela falou
ela ainda muda o pranto escapando devagar
não sei porque fiz, não sei você porque ainda não falou, arrematou o moço

a terra girou alguns graus
ela a mão da boca foi tirando
sem fim
minha boca é grande o tanto
ou minhas mãos são devagar assim?

saiu.

o que você disse?
ela perguntou.
ele disse, já temendo a resposta
eu disse e falou baixo que eu nem saberia dizer o que foi

ela ouviu. ouviu sim. (se tivesse visão raio-X, veria que o íntimo se contorceu dizendo SIM!)
mas fingiu que não
disse
mais alto
ele veio e articulou melhor
disse eu te amo

e os dois ali parados
um no outro o olhar pousado
tiveram a certeza do quanto era perigoso amar.

uma jaca caiu e estourou ao lado deles.
fecharam os olhos, colaram os peitos
de qual lado, perguntou ele primeiro?

de qual lado o quê?
a jaca caiu, de qual lado qual, qual foi?

e responderam ao mesmo tempo:
direito/esquerdo.

e sob a jaqueira, enfim, o primeiro beijo rolou.

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