hoje não quero
falar de violência
lavar louças
quero hoje cortar o cabelo
quero decidir fazer a barba
quero não chorar
hoje quero ser duro
ser passageiro
nem ficar
nem partir
ninguém quebrar
hoje o que eu quero
é apenas ser
e restar
hoje não quero confete
hoje nem buzina há de parar
hoje fico quieto
hoje fico nublado
sob a nuvem noturna
fico parado
chovendo molhado com calma
e ternura
sem poesia
hoje sem metáfora
sem verbos demais
sem ação
hoje sem rima
hoje sozinho sem amor de irmão
hoje não
agora
não
talvez nunca
nunca talvez outra vez
hoje
quero ser efêmero
capaz de sumir
e volver
novo
renovado
retalhado
cortado seco em fatias expressas: hoje só hoje me permitirei de novo ser acaso
outra construção.
.
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