escorre o gozo derramado
dá um silêncio que apenas diz
acabou, mas talvez tenha valido
em você, talvez, tenha ficado
um pouco disso tudo
um pouco que seja desse jogo
do consumo
onde comemos um ao outro sem perceber
onde se desejando no outro
a gente acaba por se perder
escorre agora derramado o prazer mordido
não há mais nada, depois de ido o gozo
é desespero
é vida limbo
escorregadia
incapaz de conter
imprecisa
ser capaz de sofrer
para valer as horas contigo passadas
as horas contigo levadas
quem é você contigo tu quem és?
eu clamo um você por qualquer motivo
e qualquer um o pode ser
porque ser contigo é ser ausente
é ser que é pelo simples fato de não durar
de deixar o gosto e escapar
e sempre romper
as poesias todas já não sabem o que são
seriam poesias? seriam o que então?
não servem para dizer
não há metáfora na qual se possa ver
isso que hoje escorre
sem sequer se conter
hoje que isso escorre
sem poder
se quero
durar mais este segundo
fazê-lo ainda mais em mim doer
valer
ciranda de verbos
todos já sem ar
para se dizer...
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