Antes não
Antes não me deixava
Achava cruel
Não queria me permitir
Se me viesse
Em sonho em cheiro
Logo após acordar
Eu me mutilava
E fazia força contra o fato
Insuspeito
De que em mim
Por mim
Você se lembrava.
Doía tanto.
Não ter controle sobre
Não controlar a lembrança
Não guiar o desejo
Ser apenas corpo morrendo
E te trazendo de passo em passo
Te buscando
Mesmo não mais te querendo.
Antes
Eu contava até 4
5
8
10 segundos
Sem pensar em ti.
Mas hoje percebo
Já faz algum tempo
Que você simplesmente existe
E pensar em ti
Não te dá força alguma
Em mim.
Existir não basta para me importar.
Sua presença fantasma
Persiste sem que eu possa a anular
E tudo bem
Nunca achei que a vida fosse
Plano capaz de ser desenhado
Nunca acreditei que pudesse o mundo
Ser apenas o desejado.
Tolerar as faltas
A presença dos ruídos
a vinda abrupta das ruínas
Eu aprendi
Aprendo
Eu estou sabendo lidar.
E agora
Você me amanhece faz já 3 dias
E eu penso:
O que querer tu neste agora?
Por que não cessa de me trazer
sua face oval e sua disritmia?
Não sei o que te dizer.
Talvez seja o inconsciente
Querendo nos fazer se encontrar
Mas não.
Sobrevivo como quem sabe
Que passado um tempo
Outro também há de passar.
Não tenho pressa
Não temo o desassossego
Estou pleno
Do jeito meio ao meio
Em que você me fez ficar.
Não te odeio
Não te menosprezo
Mas é certo
Que criei uma pendência
Que pela vida inteira
Talvez vá me habitar
Não você.
Não confio.
Não me permito
Confiar.
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