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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Gauche

Parei de lutar comigo mesmo.

Discordamos já o suficiente
eu reconheci meus enganos.
Nós dois paramos de lutar
quem paga a conta
no final da mesma
é o nosso corpo
ainda ele
hoje
gritando feito louco,
todo cheio de razão
corpo todo sentido.

Não quero mais.
Quero aprender a dar as mãos
sem medo da textura
sem receio do cheiro
quero dar-me as mãos
e me levar a um passeio
qualquer
sinto que precisamos deitar a cabeça na grama
e restar apenas
sem mais livros
sem mais cafés
sem nada
nem inclusive pena.

É esse o caminho.
Se lutamos, é claro que
quando soltos no espaço
nada flui pois
se teme o contato
se teme o cuidado
se teme reconhecer
que sim
que sim, somos seres temíveis.

Então,
hoje, agora, faz poucos minutos
quando caminhava até em casa
sentindo o corpo doer
graves e agudos
doer incompreensão
vindo andando eu soube
é preciso
é agora
não pode ser promessa
não é vida privação
mas sim
agora
eternamente agora
comunhão
escuta
mãos-seladas
devoção.

Estou certo, eu sei.
Não estivessem elas não teriam dito o que disseram
Não estivesse eu todo cheio de razão posto esteja sim
todo sentido
não haveria rio cheio de conjugações
não haveria respiro, pausa, nem repetição das ondas
Não haveria ciranda de versos
agora aqui
saltando das minhas mãos
e assumindo prosas bobas
mas sinceras
m ã o s
que enfim
de novo agora
voltam a se abraçar.

Fiquemos juntos. É hora de colar.
    

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