Para você, caro amigo. Para você, cara amiga. Para vocês que tanto apoiaram o impeachment sem ter consciência alguma daquilo que apoiavam. Para vocês que seguiram as mídias tendenciosas, sendo manipulados e movendo ódio contra uma presidenta eleita democraticamente, prestem atenção. Prestem bem atenção! É chegado o momento de continuar fazendo coro aos ditames do retrocesso em curso. Quero ver comemoração por cada crime perpetuado sob a máscara da democracia. Quero ver meus familiares e colegas comemorando o fim de tantos direitos conquistados por meio de tanta luta e esforço. Quero que vocês acompanhem com atenção o governo ilegítimo e corrupto, machista e sujo, com a mesma devoção cega que tanto por meio de vocês se moveu. Não vale fingir que não tem nada acontecendo. Tem que bater palma. Tem que continuar fingindo que se importa.
Quanto a mim e a tantos outros, não se preocupem. A miséria do mundo move a busca de um punhado de gente menos interessada em umbigo e mais afim de rodas. Gente mais afim de encontro e respeito, de diálogo e diferença. Se há alguma coisa evidente agora, não que antes não fosse, é que tínhamos toda a razão. Golpe é a palavra certa para este momento tão incerto. Golpe é palavra bélica e guerra é o cheiro da nossa atual atmosfera. Não me espanta, não me encanta, mas também não me deixa dormir tranquilo. Por isso olhos bem abertos e duvidantes. Tudo isso me faz pensar que a luta, que por vezes dizemos impunemente que VAI HAVER!, a luta já está aqui, no trato com cada vírgula, cada esquina, com cada um ou uma que me cruza e me convida. Vou falar. Soltar o verbo. Vou agir. Desamarrar o nexo. Se estas palavras são só um dizer, pois que sejam, pois em épocas cínicas como a nossa, destemer o verbo é fazer tremer o corpo. E colocar o corpo para tremer é zonear essa assepsia escrota de velhos homens ocupando cargos políticos para se manter e para manter suas recatadas famílias. Se a nossa democracia é nova, nova também é minha ira. Ira renovada, retinta, ira estandarte, publicamente em ação e divulgada.
Ira democraticamente nascida.
Por onde recomeçar?
Por aqui. Por antes. Por agora. Por de novo.
Porque sim.
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