tento abaixar o espanto
concentrado nos ombros
moendo-me a tranquilidade
frente ao novo eu volto a me desconhecer
e nesses dias estranhos
se estranhar a si mesmo
não é coisa bem vinda
olho
miro
paro um pouco
ouço aquilo que respiro
penso se devo
ou não
penso se vai durar
mais que alguns segundos
então decido
é um jogo
colocar-se diante o novo
frente ao novo
aqui
agora
frente a essa miséria toda que me solicita e escraviza
que me determina e me enoja
eu quero
poder fazer diferente
eu quero
poder domar
ao menos um pouco
o corpo
este corpo
o que quero
e o que não quero mais
passou
o tempo passado
passou
não gosto mais de brinquedos
não curto mais tanto amasso
passou
a adolescência
a infância passou
no entanto
eu
sobrevivi
bruto e moldado.
moldado a brusquidão.
meio certo
e totalmente cego
meio duro
meio ser vivo
tentando ser vivo
na contramão.
respiro.
a coluna dói
ou seria o pulmão?
o corpo pede pelo cigarro que hoje (ao menos) não veio
nem virá
os olhos piscam ansiosos pela cerveja
que acena a mim
em todas as esquinas
dessa cidade
mas eu fico aqui
reencontrando sentidos
em meio às palavras
que vez ou outra me salvam
vez ou outra
me desorientam.
bom dia,
boa semana.
não é poesia
é só uma tentativa
tenaz
e esboçada
de se salvar uma vida
ou seja
não é nada
não é nada
mesmo.
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