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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Guinada

minha poesia ficou boba
assim, coisa boba
sem destino
virou coisa estorvada
coisa que em si mesma
é já início e precipício
virou descomedimento
virou excesso
virou resto
mas sem fazer falta
sem fazer nada exceto
vergonha.

embaralhou-me a noção
dificultou-me a razão
e agora resto eu aqui inoperante
tentando consertar esta ousadia
tentando comunicar um sim
ou não
mas, não!
minha poesia ficou toda boba
precisa de soco, gozo e malícia
precisa aos poços ter sua alma impelida
ser impedida
ser toda avesso sendo nisso estrofe verso e rima
sem beleza
sem contorno
sem recheio
é disso que ela precisa

dentro dela agora quer nascer
todo o ódio que em mim conservo
poesia agora é pré-texto
para a vida
para a sua possibilidade
pré-texto para a vida
sua inevitabilidade,
enfim,
cada tropeço
nela será calculado...

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