E demoradamente, eu pretendo,
vou me olhar no espelho.
Já faz tanto tempo e eu sem me mirar.
O que poderei descobrir na beira seca
do meu olhar?
Sinto dores no corpo. Penso que a idade
não chega, ela vai se estacionando ao seu lado.
O café ainda quente, o chocolate devorado.
Pretendo fazer barba e cabelo
e, sobretudo, passar uma loção com teor alcoólico bem alto
Para sentir arder a vida
que ainda faz de mim
Ser carregado.
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sábado, 5 de setembro de 2015
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
Sem gelo
Por favor, moço
Sem gelo.
Não, não, não
Nada com a garganta
Nada com a voz
É com a vista.
Como?
Perdão?
É com a vista?
Como?
Peco licença e vou ao banheiro.
Espelho.
Olhos nos reflexos de si mesmos.
Veja:
Sem gelo
Sem susto
Sem contraste
Volto
O moço me olha e eu postergo
A bebida para mais tarde.
Lá fora venta
Ouço crianças
(saem da escola)
Nada importa
Nada me importa
A boca amarga
Acendo outro cigarro
Deu no jornal
Que a inflação
É coisa do mundo
Inteiro.
Termino
Ergo-me
Tudo bem, eu digo ao moço
Sem gelo.
Tremo
Não, não, não não é temer
A morte
É só que já estou tremendo-a
Não de medo
Mas de acontecimento
Puro. Retinto e
Antecipado.
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