Por favor, moço
Sem gelo.
Não, não, não
Nada com a garganta
Nada com a voz
É com a vista.
Como?
Perdão?
É com a vista?
Como?
Peco licença e vou ao banheiro.
Espelho.
Olhos nos reflexos de si mesmos.
Veja:
Sem gelo
Sem susto
Sem contraste
Volto
O moço me olha e eu postergo
A bebida para mais tarde.
Lá fora venta
Ouço crianças
(saem da escola)
Nada importa
Nada me importa
A boca amarga
Acendo outro cigarro
Deu no jornal
Que a inflação
É coisa do mundo
Inteiro.
Termino
Ergo-me
Tudo bem, eu digo ao moço
Sem gelo.
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