Pintura criada entre 2023 e 2024, não sei exatamente quando.
Sei o nome que dei à pintura, mas dizer o nome é perder um bocado do seu mistério.
Há um alarme interior que diz estar pronta, a pintura, quero dizer, que era isso o que vínhamos fazendo até isto vir a ser.
Apita, às vezes, bem depois. Às vezes, o alarme apita sem grito, só apita, no meio da noite e você não ouviria, mas amanhece, e olha, quando você olha para o quadro que nem é quadro, você olha em direção à coisa feita e sente uma satisfação digníssima de estar neste mundo na companhia daquele arranjo meio desarranjado de intenções não expressas e expressões não intencionadas, como diria Duchamp.
Gosto da raspagem, de como a margem celebra o coração-inflado-e-inflamado que é este continente.
Gosto, sobretudo, de esquecer de mim quando estou com ela, a pintura, de quando nós estamos detidas sobre ele, o quadro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário