que era triste
sabíamos
antes mesmo
de acontecer
era preciso
ter acontecido
mesmo que turvo
mesmo que
era preciso
e aconteceu
passado o passado
o presente desembrulhado
fica um hálito ruim
de extremíssimo
cansaço
fino e pontiagudo
sempre que me lembro
de ti é sobre nós
o murmúrio
do desentendimento
ter vencido
sabíamos disso
no ato
em que nos
apartamos
quando digo
a mim que não
não quero mais
você
digo porque sim
não quero mais
sua amizade
azedou
como disseste
azedou feio
brabo
azedou ruim
sua presença
o mero pensar
em ti
no que é seu
do gesto à festa
do medo à testa
tudo seu
me dá nojo
e é vivo
tudo isso
menos ideia
e mais
estômago
eu estou
te odiando
e é ruim
mas está certo
era isso o que
aconteceria
nós sabíamos
desde aquele
telefonema escroto
onde perdeste o amigo
em vez da lacração
de seu orgulho tísico
e superior-anêmico
de ti a distância
agora é pouca
e que gaguejes
e tropeces
e que invente verbos
ladeira à vista
peça desculpas
forçosas e muitas
mas só ao tempo
nem ele te aguentaria
a casa resta inerte
a cozinha fechada
seu filme
que não é seu
sua mentira
deslavada
que horror
que horror
não ter dito não
quando você entrou
forçoso
querendo brilhar
na peça dos outros
que horror tudo isso
aquilo que eras
incapaz
apesar do esforço louco
não conseguiste
apagaste o fogo
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