ALUGA-SE VAGA PARA SERES VAGOS.
Um moço que cruza a avenida
brilha os olhos,
sente-se vago, perdido,
desorientado.
Ele avança até o terreno
e pergunta
Quanto custa, senhor?
O que, menino?
Quanto custa para estacionar aqui?
Quanto você tem?
Só eu mesmo. E esse lenço.
Sujo?
Um pouco.
Passa pra cá.
Perdido o lenço, prontamente lançado numa lixeira,
o menino adentrou o estabelecimento comercial
confiante de que havia feito
o que precisava.
Ali, por favor.
Onde?
Ali, ali, naquele retângulo pintado à tinta no chão.
Sob o sol?
Sim.
É quente.
É sol, ora.
Tem vaga na sombra?
O sol parte daqui a pouco.
Entendi.
Bom dia.
Já é tarde, não?
Boa tarde, rapaz.
[...]
Letras na fachada do negócio informavam:
ALUGA-SE VAGA PARA SERES VAGOS.
Um moço que cruza a avenida
brilha os olhos
ao ver outro moço ali estacionado.
Ele se sente vago e perdido,
mas aquele outro sob o sol
lhe soa como um recado.
Ele avança até o terreno
e pergunta
Quanto custa, senhor?
O que, garoto?
Quanto custa para estacionar ao lado daquele moço?
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