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sábado, 25 de abril de 2020

Estacionamento

Letras na fachada do negócio informam:

ALUGA-SE VAGA PARA SERES VAGOS.

Um moço que cruza a avenida
brilha os olhos,
sente-se vago, perdido,
desorientado.
Ele avança até o terreno
e pergunta
Quanto custa, senhor?

O que, menino?

Quanto custa para estacionar aqui?

Quanto você tem?

Só eu mesmo. E esse lenço.

Sujo?

Um pouco.

Passa pra cá.

Perdido o lenço, prontamente lançado numa lixeira,
o menino adentrou o estabelecimento comercial
confiante de que havia feito
o que precisava.

Ali, por favor.

Onde?

Ali, ali, naquele retângulo pintado à tinta no chão.

Sob o sol?

Sim.

É quente.

É sol, ora.

Tem vaga na sombra?

O sol parte daqui a pouco.

Entendi.

Bom dia.

Já é tarde, não?

Boa tarde, rapaz.

[...]

Letras na fachada do negócio informavam:

ALUGA-SE VAGA PARA SERES VAGOS.

Um moço que cruza a avenida
brilha os olhos
ao ver outro moço ali estacionado.
Ele se sente vago e perdido,
mas aquele outro sob o sol
lhe soa como um recado.
Ele avança até o terreno
e pergunta
Quanto custa, senhor?

O que, garoto?

Quanto custa para estacionar ao lado daquele moço?

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