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sexta-feira, 17 de abril de 2020

Como me tornei inútil

Talvez pelo excesso
de cansaço

Depois ponderei
tornei-me inútil por orgulho atrasado

Poder dizer não
poder não fazer

Um prazer repentino esse
do não querer

Ih, não quero
ih, sai pra lá

Inútil eu me tornei
para me resguardar das exigências

Ter que isso
ter que aquilo

não ter
não ter

Não quero ter que
não quero nada

me deixa
me deixa

Por que te incomoda
que eu possa servir à nada?

Sirvo hoje ao silêncio
ao tremido instante

sirvo apenas a isso
a poder não

Eis minha força
meu anonimato

Tornei-me inútil
apenas para me tornar

para voltar
para ir
para não servir
para apenas ser e estar

mas não servir
nada fazer
por hoje
sou inútil

e isso me permite ainda respirar

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